RELATÓRIO FINAL - PINTURA MURAL COLETIVA
Jorge Duarte
Dividir a concepção de obras nas artes visuais é um procedimento que tem sido incomum ao longo da história. Mais recentemente duplas como a francesa Annie e Patrick Poirier ou os célebres Gilbert and George, ingleses que atuam desde 1969, desenvolveram com sucesso internacional carreiras em dupla. No Brasil a dupla PAULAGABRIELA desenvolve a partir de 1998 uma carreira que vem cada vez mais se consolidando. Mais comum são coletivos de artistas criados para defender interesses comuns, produção de eventos e divulgação de obras, respondendo cada um, no entanto, pela criação solitária de suas obras. Chamam atenção neste terreno vários grupos de grafiteiros que desenvolvem criações coletivas. Mas, se são ainda iniciativas numericamente insignificantes diante das produções individuais, parecem ser uma tendência crescente no meio de arte.
Quando propus a oficina Pintura Mural Coletiva, dentro de um programa geral do Projeto Geringonça voltado para a questão da Intervenção Urbana, pensei a cidade como um espaço que, pelas condições especiais de trabalho que oferece, favorece o surgimento do trabalho em equipe. Seja por causa dos grandes formatos que requerem as obras, condições de conforto e estrutura material mais precários, pela necessidade de maior velocidade de execução, condições de segurança e até mesmo possíveis repressões, a rua convida mais ao agrupamento.
O desafio lançado a mim pela oficina foi o de reunir um grupo onde poucos se conheciam, e me juntar a ele numa aventura de criação inédita para a maioria. Tive a sorte de ver reunido um grupo onde todos tinham já alguma familiaridade com a arte. Jovens artistas, a maioria estudantes de arte antenados com a contemporaneidade e com algum domínio técnico de desenho e pintura. Como sempre faço nestas situações, inicialmente apresentei e comentei meu próprio trabalho, e em seguida cada participante também se apresentou. Assumi então o papel de coordenador ao invés de professor, coerente com a idéia de criação coletiva.
As discussões se seguiram em torno do problema da criação coletiva, estratégia de trabalho e um ponto de partida para a ação. Discutimos a adoção ou não de um tema central e acabamos, por fim, optando por um tema que homenagearia o próprio Projeto Geringonça, nos propondo a criar algo como uma “geringonça visual”, um mecanismo centrado no movimento visual e na acoplagem de “peças” a serem criadas por cada um e abertas à interferências de todos. Me parece que esta estratégia acabou garantido ao painel uma unidade visual pouco esperada diante das diversas faturas pessoais, que acabaram se mesclando por toda a superfície.
Resta ressaltar o caráter lúdico do desenrolar das sessões, a harmonia nas relações interpessoais e a tranqüilidade com que cada um pode continuar detalhes alheios sem ressentimentos ou egos feridos. Fica para mim um grande aprendizado e a felicidade de ter convivido com um grupo que me trouxe novos amigos.
Quero agradecer a toda a equipe de trabalho SESC Tijuca, pelo cuidado e pela competência com os quais viabilizaram a realização desta oficina.
Jorge Duarte
Jorge Duarte
Dividir a concepção de obras nas artes visuais é um procedimento que tem sido incomum ao longo da história. Mais recentemente duplas como a francesa Annie e Patrick Poirier ou os célebres Gilbert and George, ingleses que atuam desde 1969, desenvolveram com sucesso internacional carreiras em dupla. No Brasil a dupla PAULAGABRIELA desenvolve a partir de 1998 uma carreira que vem cada vez mais se consolidando. Mais comum são coletivos de artistas criados para defender interesses comuns, produção de eventos e divulgação de obras, respondendo cada um, no entanto, pela criação solitária de suas obras. Chamam atenção neste terreno vários grupos de grafiteiros que desenvolvem criações coletivas. Mas, se são ainda iniciativas numericamente insignificantes diante das produções individuais, parecem ser uma tendência crescente no meio de arte.
Quando propus a oficina Pintura Mural Coletiva, dentro de um programa geral do Projeto Geringonça voltado para a questão da Intervenção Urbana, pensei a cidade como um espaço que, pelas condições especiais de trabalho que oferece, favorece o surgimento do trabalho em equipe. Seja por causa dos grandes formatos que requerem as obras, condições de conforto e estrutura material mais precários, pela necessidade de maior velocidade de execução, condições de segurança e até mesmo possíveis repressões, a rua convida mais ao agrupamento.
O desafio lançado a mim pela oficina foi o de reunir um grupo onde poucos se conheciam, e me juntar a ele numa aventura de criação inédita para a maioria. Tive a sorte de ver reunido um grupo onde todos tinham já alguma familiaridade com a arte. Jovens artistas, a maioria estudantes de arte antenados com a contemporaneidade e com algum domínio técnico de desenho e pintura. Como sempre faço nestas situações, inicialmente apresentei e comentei meu próprio trabalho, e em seguida cada participante também se apresentou. Assumi então o papel de coordenador ao invés de professor, coerente com a idéia de criação coletiva.
As discussões se seguiram em torno do problema da criação coletiva, estratégia de trabalho e um ponto de partida para a ação. Discutimos a adoção ou não de um tema central e acabamos, por fim, optando por um tema que homenagearia o próprio Projeto Geringonça, nos propondo a criar algo como uma “geringonça visual”, um mecanismo centrado no movimento visual e na acoplagem de “peças” a serem criadas por cada um e abertas à interferências de todos. Me parece que esta estratégia acabou garantido ao painel uma unidade visual pouco esperada diante das diversas faturas pessoais, que acabaram se mesclando por toda a superfície.
Resta ressaltar o caráter lúdico do desenrolar das sessões, a harmonia nas relações interpessoais e a tranqüilidade com que cada um pode continuar detalhes alheios sem ressentimentos ou egos feridos. Fica para mim um grande aprendizado e a felicidade de ter convivido com um grupo que me trouxe novos amigos.
Quero agradecer a toda a equipe de trabalho SESC Tijuca, pelo cuidado e pela competência com os quais viabilizaram a realização desta oficina.
Jorge Duarte
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